quarta-feira, 2 de maio de 2012

Artigo: No limite entre o pop e o popular



Desde o início dos anos 80, com a proliferação em massa das rádios FMs no Brasil, uma questão sempre causa discussão no meio: Trata-se da segmentação das rádios musicais. Para facilitar o trabalho, as publicações especializadas em rádio dividem as rádios em Pop/Jovem, Popular/Brega, Adulto-Contemporânea e Religiosa.
A discussão mais polêmica envolve os segmentos pop/jovem e popular/brega. Vira-e-mexe esse assunto entra na pauta, quase sempre quando alguma emissora resolve apostar em músicas que se enquadrariam mais no segmento alheio.
No início dos anos 2000 a Rede Jovem Pan Sat II resolveu inserir em sua programação algumas músicas de axé e até mesmo de pagode. O projeto não durou muito tempo e a rádio logo voltou a tocar a sua base de músicas compostas por dance, pop-rock, hip-hop e reaggae. Apesar disso, vez ou outra surgem algumas músicas de axé e até mesmo sertanejo na programação da emissora paulista.
Em 2001 a região experimentou uma mudança radical quando a extinta Rádio 101 FM de Volta Redonda mudou completamente sua programação, deixando o pop dance para investir no popular voltado mais ao sertanejo. A experiência se mostrou trágica e foi considerada um dos principais motivos da emissora ter fracassado no mercado local.
Mais recentemente, em 2008, a Rádio 98 FM do Rio de Janeiro mudou seu nome para Beat 98 e apostou suas fichas na inserção de músicas pop internacionais em sua programação, numa verdadeira miscelânea de ritmos.
Determinar que tipo de música é popular ou pop também pode se mostrar um grande desafio, principalmente no Brasil, por se tratar de um país com grandes diferenças culturais. Na Bahia, por exemplo, emissoras ditas pop costumam inserir o que chamamos de axé music em sua programação. Por lá, eles vêem a música produzida em terras baianas de uma forma diferente, já que o termo axé seria uma estereotipagem de suas várias tendências musicais.
No Rio de Janeiro, tocar funk nem sempre é sinônimo de rádio popular. Artistas mais identificados com o universo pop como Buchecha e Naldo "vira e mexe" desfilam suas músicas por rádios pop do estado. Inclusive a própria Jovem Pan, embora não toque esses artistas em sua grade nacional, insere suas músicas na programação de sua afiliada carioca.
Mais recentemente um fenômeno vem tomando conta de algumas rádios pop (principalmente de regiões do interior de São Paulo e Rio de Janeiro): A inserção de músicas do segmento sertanejo universitário em sua programação.
Com esses e outros exemplos, podemos crer que definir uma segmentação padrão é tarefa das mais difíceis, principalmente somando se ao fato de, em tempos de internet, as pessoas tem acesso a quase tudo. Isso faz com que elas determinem o que querem ou não ouvir, sem se prender a uma lógica de mercado segmentado.
Portanto, o fato de uma rádio ter uma orientação artística não significa que ela estará engessada completamente, desde que não insira músicas incoerentes com o perfil de seu público. É, acima de tudo, uma questão de sensibilidade da direção artística da rádio.

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