sábado, 26 de maio de 2012

Artigo: Em nome da rede



Um assunto que voltou a ganhar destaque entre os amigos radionautas essa semana foi a questão das emissoras de rádio que transmitem sua programação em rede. O tema começou abordando diferenças entre as Rádios Globo do Rio e de São Paulo e acabou lembrando da Rede Mania, que brevemente estará lançando sua oitava emissora, agora no município de Volta Redonda.
O conceito rede se popularizou logo após a Embratel ter viabilizado as transmissões via satélite para estações de rádio, no início dos anos 1990.
No FM, projetos como Transamérica, Jovem Pan e Mix são os principais exemplos no país.
Ao longo dos anos, foram observadas algumas particularidades quanto ao conceito rede. Para o FM, que atende a uma demanda predominantemente musical, ocorre que existem diferenças colossais entre praças, quanto a preferências de estilos e músicas. Sintetizar isso em um padrão uniforme de programação, é uma tarefa das mais complicadas.
Marcelo Eduardo, diretor de programação da Jovem Pan Sat II coordena uma equipe de programadores que devem estar atentos às particularidades de determinadas praças, já que grandes centros urbanos fora de São Paulo como Curitiba e Rio de Janeiro, recebem programações especiais atendendo aos anseios locais. Esse critério faz com que a rede consiga manter o seu padrão no conceito rede, sem deixar de atender a demanda local. Não é à toa que na própria cidade de Curitiba os resultados locais de audiência são extremamente satisfatórios e, a julgar-se pelos primeiros índices apresentados no Rio, há uma tendência de que a afiliada carioca logo esteja disputando as primeiras posições nos índices do IBOPE.
Portanto estabelecer um padrão não significa necessariamente engessar a programação. O ouvinte precisa se identificar com a rádio que está ouvindo, mesmo que essa rádio seja uma rede. Assim acontece com a televisão e no rádio não há de ser diferente.
Acontece que nas emissoras com programação mais informativo-comunicativa (principalmente as AMs), o conceito rede tem muito mais dificuldade de emplacar. O ouvinte precisa de uma proximidade muito maior com o rádio, do que o que ele tem com a TV. Essa comunicação expressa passa pelos problemas de saneamento no seu bairro, ou de como está fluindo o trânsito local. É basicamente por isso que ele está ouvindo rádio. Quando, por exemplo, o carioca liga na estação é fica sabendo que a Av. Paulista está congestionada, ele só vai se preocupar com isso realmente, se estiver no check-in do aeroporto, prestes a pegar uma ponte aérea para São Paulo. Fora isso, a informação não lhe serve e ele vai buscar outra estação. Uma emissora All News até sobrevive a isso porque, como o próprio nome diz, ela vive totalmente de notícias. Acontece que uma emissora que enfatiza mais a comunicação direta com seus ouvintes (como Tupi e Globo), tendem a encontrar grandes barreiras ao se estabelecerem como redes. A própria Globo perde espaço em Minas (a líder é a Itatiaia) e no Rio (perde para a Tupi), porque não consegue agradar totalmente a nenhuma dessas praças.
Há quem diga no entanto que, mesmo que uma rede não alcance a liderança de audiência nas praças que atua, somente o fato de elas disputarem o bolo publicitário já seria uma vitória, uma vez que a rede reduz custos com pessoal e, no fim, o faturamento médio da emissora não seria prejudicado, desde que a emissora consiga um alcance razoável de audiência.
Estações populares de FM também encontram dificuldades de emplacar emissoras em rede, principalmente porque as tendências musicais são as mais variadas possíveis. No rádio jovem isso não acontece de forma tão abundante mas nas populares há um variante enorme de ritmos que se destacam uns mais que os outros de acordo com as praças. No Rio, por exemplo, o funk e o pagode são mais ouvidos. Já no interior de São Paulo e em Minas Gerais, a tendência puxa mais para a música sertaneja. No nordeste tem estados como a Bahia que é mais adepta ao Axé, enquanto em Pernambuco o destaque maior vai para o forró. Sintetizar todos esses estilos em apenas uma estação, distribuindo as execuções musicais de forma paritária vai fazer com que nenhuma das praças saia plenamente satisfeita. Resultado: Não vai dar certo.
Tanto isso é verdade que não há no Brasil um projeto de rádio popular sequer de abrangência nacional plena, justamente por esse motivo.
Atualmente a nossa região conta com duas estações transmitindo em rede na cidade de Três Rios (Jovem Pan e Antena 1), a Rede Aleluia (com afiliadas em Volta Redonda, Angra dos Reis e Paraty), além da Rede Mania, que tem uma emissora em Paraty e em breve estará com uma estação transmitindo a partir de Volta Redonda.


Curiosidades:
A Rádio Globo já teve transmissão em rede para a região quando utilizava o sinal  da RBP AM até o início dos anos 90.
Entre 2001 e 2003 a Rede CBN podia ser ouvida nos 920 AM da Rádio Volta Redonda.

8 comentários:

  1. radio mania é uma novela ms,ate metade de maio estaria no ar,hj já e 26/05/12 e nada.

    ResponderExcluir
  2. Muito bacana a dissertação. com bastante conteúdo, atual e com veracidade dos fatos! Parabéns!

    ResponderExcluir
  3. Uma pequena correção: Na cidade de São Paulo, a Rádio Globo é líder de audiência, inclusive com considerável distanciamento da 2ª colocada, a Rádio Capital.

    ResponderExcluir
  4. Este artigo me fez lembrar da histórica Rádio Cidade do Rio de Janeiro (102,9). Ela foi uma das pioneiras no formato de rede de rádio no Brasil, com um detalhe muito importante: Mantinha uma extensa lista de afiliadas que funcionavam baseadas no padrão da Rádio Cidade do Rio, mas com atenção as características regionais. Mesmo depois de ter iniciado as suas transmissões via satélite, cada afiliada se dedicava nas transmissões locais. Não era de se estranhar que a rádio, que funcionava no formato jovem, liderava o seu segmento em diversos mercados em que atuava (Rio, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Vitória etc). A Jovem Pan no Rio deve chegar possivelmente a liderança, pois dedica a maior parte da sua programação para as transmissões locais, e ainda conta com a experiência da antiga equipe da Rádio Cidade, que hoje por ironia, é uma afiliada da Rede Jovem Pan. Vai entender!!!!

    ResponderExcluir
  5. Muito esclarecedor a matéria sobre rede de rádio. Entretanto quero acrescentar o seguinte:
    Alguns donos ou dirigentes de emissoras de rádio, eles vão em busca da colocação de sua emissora em uma rede pensando exclusivamente na diminuição dos custos operacionais sem entretanto avaliar o perfil e o conteúdo dessa rede. Muitas das vezes a rádio perde sua identidade local, é obrigada a fornecer material para a cabeça da rede e o que era para ser um sonho vira um pesadelo. Vejam no que deu a CBN de Volta Redonda. A própria Jovem Pan, se não estiver enganado, é pela quarta vez que ela tenta emplacar no rio, só que agora com emissora própria. A transamérica bem que tentou mas também vinagrou. Enfim é ter muito cuidado e cautela por que se não a rádio cai na rede e não sai mais

    ResponderExcluir
  6. Muito boa a matéria e esclarecedora ..
    mais fica o alerta
    vem mais uma rede em Volta Redonda
    e mais ..
    volta redonda carece de rádio que seja 100 % local

    pois as rádios 101.5 e 920 nem contam
    a 88 é programação religiosa politico-partidária alienadora

    cidade do aço .. na boa . e emissora tem sua torre em Barra Mansa ..
    e a futura rádio Diocesana deve continuar em Barra ..

    lamentavel para a nossa cidade não ter se quer 1 rádio 100 % volta-redondense.

    ResponderExcluir
  7. É por estas e outras que eu renunciei faz tempo a estas radios...LIXO!So tocam a mesma coisa, mesmos ritmos, POBRES,INVARIAVEIS e o que lhes convém... e que o contrato e esquemas com as gravadoras e distribuidoras impôem...Radio confesso so escuto a 88FM no horario do Dario porque e o único que transmite informações intensivas e rapidas com racionío rápido(o que falta em muitos locutores e jornalistas interioranos...)mesmo que ele como são no interior também precisem se apegar ao poder para manter um nível de faturamento.... numa terra que não se renova nem rádios, nem a nova geração, pessoas capazes para gerencia-las e nem para comunicar com categoria..A tendência e acabar tudo mesmo...principalmente em V.R. Aqui em casa, em se tratando de programação musical eu tenho nos meus favoritos do navegador as rádios on line,do mundo inteiro pela internet e para quem tem conexão boa, verdadeira banda larga, e, no meu caso esta ótima com 15mb/s Oi Velox(para duas máquinas desktop fora o notebook...) que chegou no meu bairro ano passado. Mas eu aprecio, ENTRE OUTRAS e inclusive de outros estados a preferencia é das mais proximas da gente como exemplos as rádios de qualidade(PRA QUEM ENTENDE...) do Rio por a JB FM(http://jbfm.ig.com.br/playerjb.php) e a radio Nativa FM(http://www.nativa.fm/aovivo/Default.aspx) que toca boa variedade musical portanto são rádios ecleticas e sem apelação pra sobreviver como as de V.R... e estas duas tocam do jeito que eu gosto: mesclam sucessos de todos os tempos e valorizam a MPB alem das MELODIAS harmoniosas...Porra sair de um trabalho ate estressado e, quem depende de Ônibus ter que ouvir músicas mais estressantes ainda!!!!E ainda mais eu tenho uma boa caixa pra escutar no pc, uma Ozaki WU - 460 60W RMS DUAL BASS, MUITO BOA! Escutar boas radios...coisa que hoje em dia esta gente...não sabem nem o que significa isso direito.

    ResponderExcluir

Dê a sua opinião sobre essa postagem. Esse blog não se responsabiliza pelo conteúdo dos comentários.