segunda-feira, 25 de julho de 2016

O rádio e seus novos rumos


Na última semana tivemos a ingrata surpresa do fim de mais um projeto da Rádio Cidade (102,9 - Rio de Janeiro). Desta vez, a estação segmentada no rock, abre espaço para o pagode, funk e afins da Rádio Mania que, aliás, já anda a um bom tempo em busca de um espaço no dial carioca, desde que perdeu o arrendamento dos 95,7 há alguns anos atrás.
A Mania vem se espalhando em algumas praças do interior do Rio, Minas e outros, com uma proposta de programação musical popular, com ênfase em ritmos tipicamente cariocas como o funk e o pagode. Segundo pesquisas de audiência de algumas dessas praças que a rádio atinge, ela não apresenta números expressivos, justamente por apostar em ritmos que andam na contra-mão do que se mais toca hoje em dia no país como um todo: o sertanejo universitário. A Mania até toca o ritmo, mas esse não é seu carro-chefe.
Pesquisas diárias que aferem instantaneamente as músicas que tocam nas estações de rádio do país, mostram que o dial está completamente infestado pelo sertanejo universitário. Números impressionantes mostram que as dezenove músicas mais executadas nos rádios do país são sertanejas e cerca de 80% das cem mais são do segmento. O dial carioca ainda não sofreu totalmente dessa febre, mas já vê uma invasão do ritmo começar a aparecer aos poucos. Nesse ponto, acredito que a Mania possa dar caldo, já que deve disputar com outras do mesmo segmento como FM O Dia e a recém-criada Fanática FM, que possuem formato semelhante.
Agora vamos voltar a falar da Cidade. A reedição desse velho projeto da rádio segmentada no rock, apoiada no fim de rádios clássicas como a Fluminense FM, surgiu após novo fracasso da marca Jovem Pan na capital carioca. No entanto a Cidade ressurgiu no pior momento possível para o pop-rock já que, apesar do playlist carioca ser mais eclético que o restante do país que, por sua vez, vem se tornando cada vez mais 'caipira', não tem havido lá muito investimento em novas produções de rock, seja nacional ou internacional.
O pop nacional tem se resumido a algumas velhas caras conhecidas como Jota Quest, NX Zero e O Rappa, que se misturam a nomes questionáveis dentro do segmento pop tradicional como Anitta, Projota, Ludmilla, entre outros. Nomes tradicionais que ainda tentam empurrar a levada pop rock como Capital Inicial, Frejat e Paralamas, não conseguem emplacar hits de verdade já que, cientificamente falando, dificilmente velhos nomes conseguem emplacar hits no topo das paradas. E como não surgem novos nomes na cena nacional do segmento, a coisa vai ficando cada vez pior. Será que o rock morreu?
A Cidade foi sobrevivendo como pode. Sem hits nacionais ou mesmo internacionais de impacto para manter em seu playlist, era obrigada a manter uma programação repleta de mids e flash-backs, que agradam a uma parcela da população que são os 'acima dos trinta' e que não optam pela obviedade do adulto-contemporâneo de rádios como a JB e Sulamerica Paradiso.
Aqui na região o rádio vem mostrando algumas mudanças significativas. A Sociedade foi a última a se render ao sertanejo em sua tradicional grade, apesar de ainda manter a veia pop na maior parte do tempo. Isso sem contar a reedição de produtos de sucesso que conversam com seu público, como o humorístico 'Chá Com Bolacha'. A Cidade do Aço, por sua vez, parece estar inclinada a inserir uma programação cada vez mais 'talkradio', já que há uma expectativa de que, após o retorno de Claudio Chiesse em outubro, Uiara Araújo deva ocupar o horário das 9h ao meio-dia. A mesma tendência vem sendo observada na adulta 96 FM que, além do Programa Dário de Paula das 6h às 9h, apresenta desde abril deste ano o Programa Francisco Barbosa, das 9h ao meio-dia.
Outra estação que também vem ampliando seu espaço de informação e conteúdos que vão além da programação musical é a Rádio 88. A emissora evangélica mantém duas edições do programa Fato Popular (uma de manhã e outra à tarde), além do programa Bom dia 88, que também abre bastante espaço para informação, debates e outros destaques.
O que mais me preocupa nisso tudo é que o desespero pela crise faça com que os empresários de rádio sigam o mesmo caminho fácil da 'sertanejização' das rádios, pois o Brasil não é só música sertaneja. Outra coisa é a forma como se aplica o talkradio no FM. Eu mesmo já disse em ocasiões anteriores aqui no blog que isso é uma tendência, ainda mais com o fim do AM, mas o processo será lento e é preciso destacar que uma grande parte dos ouvintes de rádio ainda prefere ouvir música nas emissoras. Vamos com calma!

6 comentários:

  1. A 104 ta praticamente igual a metropolitana em relação a playlist, pois a Metro la em Sampa incluiu em sua programação o Sertanejo.
    vale lembrar que a Real fm por aqui ja faz isso tb

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  2. Sertanejo Universitário não pode dar certo em nenhuma rádio, pois não tem um estilo e ritmo definido. O Sertanejo Universitário mudou muito de 10 anos para cá. Quem não se lembra do grupo Falamansa? Agora olhem esse sertanejo do cantor Eduardo Costa, Leonardo, Zezé Di Camargo, etc!

    Rádio que tem o segmento Sertanejo Universitário sobrevive apenas de promoções com grandes gravadoras, não tem força comercial de anunciantes que focam no público consumista, que gastam, ou seja, as classes A e B.

    As classes C e D não fazem parte do público consumista, como apontam as pesquisas. Pra rádio sobreviver tem que ter dinheiro. Para ter dinheiro tem que ter comercial forte. Para ter comercial forte tem que ter qualidade e bons números de audiência no público que são cosumistas (Classe A e B). Rádio que não tem foco neste público fica com anunciantes pequenos, deprecia o valor comercial chegando num ponto onde não consegue sobreviver.

    O Celso Portiolli tem as rádios "Ótima FM" de Pindamonhangaba e São José dos Campos, que são do segmento Sertanejo Universitário, muitos podem dizer que isso dá certo e a Ótima é a prova. Mas não vejo com este sentido. Além do nome e marca "Celso Portiolli", a região do vale do paraíba historicamente favorece ao segmento. Agora pergunto: Nossa região favorece ao segmento Sertanejo Universitário? Quais são os casos de sucesso que podemos citar em rádios ou até mesmo em clubes e boates da região? Onde estão estes números?

    A Rádio Sintonia do Vale, como dizem amigos de comunidade (sou católico), está passando por uma reformulação onde na verdade é uma "formulação", pois nunca teve segmento definido. Cada programa é de um jeito, não tem profissional que entende de música e produção, tem péssimas vinhetas e produção de programas. Uma rádio que usa trilhas pesquisadas no google não pode nem ser citada em discussões.
    A Sintonia do Vale tem alguns programas com Sertanejo Universitário desde que foi adquirida pela igreja católica. Pergunto cade a pesquisa de audiência que mostra que ao menos estes programas existem? Cadê o comercial forte destes programas? Cito isso como exemplo do que não fazer para tentar ACHAR (o velho e conhecido achismo) que pode dar certo.

    A Rádio Sociedade e a Rádio Cidade do Aço estão a beira do abismo, infelizmente.

    É minha a opinião, desculpe aos profissionais da área que trabalham em emissoras deste segmento, mas como disse o caro amigo do blog sobre o Sertanejo Universitário: "isso é uma tendência".

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  3. Na minha opinião tem lugar sim, basta fazer uma trabalho bem feito,
    tire como exempolos a Clube Fm de Ribeirão Preto, Clube fm Brasilia.
    eu ja penso diferente classe C e D é uma classe emergente, e que tem poder de compra sim.
    nao to aqui defendendo esse estilo ou akele outro, to so lembrando que se o trabalho for bem feito, da resultado sim.

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  4. Rodrigao Locutor da Mania publicou hj no seu facebook
    que em breve a rádio estara de volta.

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  5. A mania tem de fato comunicado isso,inclusive na pagina do facebook,que em breve retornará a volta redonda...agora,esse breve já dura quase um ano,acho que essa radio retornará junto com a festa de aniversário da rádio,afinal volta redonda é sempre beneficiada com a festa da emissora,acredito que já estão demorando de forma proposital,tenho percebido que a radio que queria tanto chegar ao rio de janeiro,até o momento não fez sequer uma promoção de rua,nem uma promoção decente...só distribuem copos e camisas,parece que nada mudou...!

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  6. A Rádio 88 FM Está sem programação pois no meio Evangélico tem a famosa música antiga e a 88 não toca e não dá Espaço pra música antiga com isso a rádio melodia 97,5 rio tem audiência Record no domingo de 06:00 as 08:00 com os clássicos melodia que só tem a crescer ok ?

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