Há muito tempo se questiona aqui nesse blog a questão das emissoras de rádio em rede entrarem na região como forma de solucionar o nosso decadente dial.
Algumas experiências já foram testadas, como a Rádio Globo em Barra do Piraí no final dos anos 80, a Som Zoom Sat em Piraí e a CBN em Volta Redonda, no início dos anos 2000.
Atualmente, duas emissoras da região (ambas de Três Rios) transmitem em rede: São os casos das nacionalmente conhecidas Jovem Pan e Antena 1. Além delas, tem a 101 FM de Volta Redonda que retransmite a Rede Aleluia.
Do ponto de vista comercial, pode ser vantajoso atrair uma emissora de rádio que tem sua marca bem posicionada no mercado nacional. A emissora já é conhecida, assim como seu método de trabalho. O cliente confia nisso e, logicamente é mais fácil vender comerciais dentro desse ponto de vista. No entanto, algumas situações podem não tornar esse tipo de estratégia tão vantajosa assim.
Primeiro para o mercado de trabalho local, que se fragilizaria completamente tendo a invasão de rádios em rede. Hoje uma emissora FM possui um quadro artístico (coordenador, locutores e programador) de aproximadamente oito funcionários. Com a rede, isso cairia para cerca de três.
Outro fator observado é a falta de identidade com o público local que observa nas emissoras de rede uma situação mecanizada e fora de contexto com a realidade da região. É muito comum ouvir isso de jovens entrerrienses que só possuem a Jovem Pan como rádio jovem.
Para quem não se lembra, até dez anos atrás quem mandava nos 92,9 de Três Rios era a Rádio Regional, que seguia uma linha de programação jovem, contando com diversos programas e teezers que faziam com que a rádio fosse considerada por muitos do meio como a melhor rádio jovem de toda a região. No entanto o capital falou mais alto e uma negociação fez com que a rádio passasse a transmitir integralmente a programação da Rede Jovem Pan Sat 2. Resultado: Menos locutores locais e menos identidade com a região.
No caso da CBN em Volta Redonda, pode ser dizer que muitos foram os pontos positivos, já que em termos de quadro profissional só houve mesmo uma reformulação e não uma diminuição, já que a demanda por matérias locais era muito grande.
Com isso, a emissora abria maciçamente as portas para jovens jornalistas que produziam matérias, tanto para o CBN local, quanto para o restante da programação. Por muitas vezes saiam matérias daqui em nível nacional.
A parceria no entanto foi interrompida quando a rádio foi vendida à Rede Aleluia em 2003.
A questão é bem complexa. Existem muitas rádios na região que estão, de certa forma ociosas, e poderiam fazer parte de alguma grande rede, já que seus mantenedores não conseguem investir recursos para melhora-las.